A primeira vez que o prêmio de Melhor Performance Feminina de R&B foi dado tinha sido na premiação de 1968, quando o Grammy ficou nas mãos de Aretha Franklin com a icônica “Respect”. Atualmente a categoria está fundida com a Performance Masculina e a Por Duo/Grupo na categoria “Melhor Performance de R&B”, mas antigamente, quem dominava esse award era justamente a Rainha do Soul, que levou onze vezes o prêmio, além de ter 23 indicações.
No entanto, na décima-oitava edição do Grammy, em 1976, Ree não estava entre as indicadas, e veria uma artista diferente levar o prêmio – uma artista jovem cuja voz lembrava justamente a sua.
Natalie Cole
Filha do legendário Nat King Cole, Natalie nasceu e cresceu envolta por música. No entanto, não quis seguir literalmente os passos do pai – conhecido pela sonoridade mais jazzística do seu trabalho – e optou por uma carreira como cantora de R&B/Soul, justamente onde Aretha dominava os charts nos anos 60 e 70.
O primeiro álbum de Natalie, “Inseparable”, foi lançado em 1975, na esteira do sucesso “This Will Be (An Everlasting Love)”, e com uma tracklist composta por algumas canções que, curiosamente, tinham sido rejeitadas pela própria Aretha antes de chegarem aos vocais de Natalie. Tanto que pra alguns ouvintes, a jovem cantora soava como Aretha Franklin, e se você ouvir bem “This Will Be” vai achar que a música é dela.
(Aretha ou Natalie TEMPO NA TELA)
Logo a imprensa começou a considerar Natalie Cole como “a nova Aretha”, o que criou aquela rivalidadezinha entre cantoras que os tabloides adoram pimpar. Mas aparentemente, segundo o biógrafo da Aretha David Ritz, ela se sentia ameaçada por outras cantoras que supostamente estariam atrás de seu trono como “Rainha do Soul” – incluindo a própria Natalie. Nem as IRMÃS de Aretha escaparam de seu medo de perder a primazia.
Naquele ano, Ree não chegou a ser indicada ao Grammy de Melhor Performance Feminina de R&B. As outras cantoras consideradas para o gramofone eram Gloria Gaynor com a maravilhosa versão disco de “Never Can Say Goodbye”, Gwen McCrae e a mediana “Rockin’ Chair” , Esther Phillips com outra versão disco (e um final com misteriosos sussurros e gemidos ofegantes) de “What a Diff’rence a Day Makes”, além de Shirley & Company com“Shame, Shame, Shame” (outra faixa disco, o que mostra como a dominância desse estilo já emergia em pleno 1975 – e como o Grammy ainda não conseguia englobar esse estilo numa categoria à parte).
E quem levou o prêmio foi Natalie Cole, classificada como “a nova Aretha”e sendo a primeira artista que não fosse a própria Aretha a levar o prêmio de Melhor Performance Feminina de R&B. Natalie também levou o Grammy de Artista Revelação naquele ano, sendo a primeira vez em que o prêmio foi dado a um artista negro, sendo homem ou mulher.
(Não consegui achar o vídeo de Performance R&B, mas este vídeo de Artista Revelação vale a pena para conferir um pouco do estilo setentista da premiação daquela época)
No ano seguinte, Natalie e Aretha teriam finalmente o encontro de divas na mesma categoria, em que as duas concorreriam ao Grammy. Foi a novata quem levou a melhor, desta vez por “Sophisticated Lady (She’s a Different Lady”), que superou “Something He Can Feel” (faixa lançada pela Aretha como trilha sonora do musical “Sparkle”).
Já o futuro reservou outras histórias para as duas cantoras. Enquanto Natalie Cole e Aretha Franklin continuaram concorrendo ao Grammy nos anos seguintes nesta mesma categoria, mas agora com uma variedade maior de vencedoras, como Thelma Houston, Donna Summer, Dionne Warwick e Stephanie Mills, Aretha se manteve no topo, chegando aos anos 80 com alguns sucessos e ainda com reputação de diva. Já Natalie passou a enfrentar problemas pessoais e vício em drogas – mais precisamente cocaína – que derrubaram sua carreira; e, apesar de alguns lançamentos bem sucedidos no final dos anos 80, quando ela se reinventou como uma cantora de pop/R&B, foi em 1991 com o lançamento de “Unforgettable… With Love”, álbum de covers do pai, Nat King Cole (com direito a dueto post-mortem em “Unforgettable”), que Natalie realmente teve um comeback de verdade, com direito ao Grammy de Álbum do Ano em 1992.
Agora é com você: falando do field R&B, quem você acha que dominará as indicações nesse gênero? Que álbum ou artista merece ser indicado ou vencer o Grammy 2016?
O próximo post do nosso esquenta vai tratar de retornos à música de artistas queridos. Eu sei que você adora uma história de comeback; dentre tantas histórias incríveis, vou destacar duas vindas lá dos anos 80. Eu acho que você já sabe quais são… Confira amanhã!
[…] Natalie Cole serviu também como um comeback de respeito para Natalie, após um começo de carreira promissor em que foi comparada a ninguém menos que Aretha Franklin e depois, por conta das drogas, passou […]
[…] e duvido de que Aretha tenha curtido essa vitória da moça (aliás, contei um pouco sobre ela ano passado). Ao todo, foram OITO VITÓRIAS da Aretha nesta categoria. OITO. Se bobear já tinha um Grammy […]
[…] à música extremamente bem sucedidos. Já comentei no post anterior sobre o comeback da própria Natalie Cole; e um dos retornos mais conhecidos foi o de Mariah Carey com o “The Emancipation of […]