Antes da nova moda entre as teen 5 Seconds of Summer, antes de One Direction e um pouco antes de Justin Bieber, só se falavam dos Jonas Brothers. Capas de revista, alvos da atenção das adolescentes, boas vendas de álbuns e com séries e filmes lançados, eles eram a sensação jovem que sempre surge de década em década.
Mas os irmãos Joe, Nick e Kevin cresceram, e como em todo fenômeno teen, acabaram sendo substituídos por outro mais novo e com uma imagem diferente dos garotos que cantavam “rock” com rostinho de bebê. Evidentemente, eles tinham que seguir carreiras diferentes – Kevin acabou estrelando um reality show; Joe tentou com o CD pop/R&B, “Fastlife”, que passou despercebido; e Nick lançou um álbum sob o nome “Nick Jonas and The Administration” como projeto paralelo dos JB.
Após um retorno à cena malfadado em 2013, é hora dos irmãos seguirem definitivamente seus próprios caminhos, e Nick Jonas reapareceu em 2014 numa nova gravadora (sai a horrenda Hollywood Records e entra a tradicional Island Records) com um comeback surpreendente, para acompanhar o futuro lançamento de seu álbum solo “Nick Jonas”, previsto para 11 de novembro.
Digo surpreendente porque ninguém esperava um retorno bem sucedido (o segundo single do CD, “Jealous”, está no top 10 do iTunes) para o cantor e ator, que estava fora do radar tinha algum tempo. E como seu irmão Joe não tinha sido bem sucedido com o trabalho solo (além de toda a fama negativa que ídolos teens em crescimento carregam), ninguém esperava um feedback tão positivo do público com Nick. Principalmente com o nível das canções que ele vem lançando.
Não são apenas singles pop/R&B – as faixas tem um pé naquele R&B alternativo, maduras, sensuais e com um vocal adulto que lembra nomes como Ne-Yo ou principalmente Trey Songz.
O primeiro single, “Chains“, tem uma atmosfera misteriosa, com a letra meio masoquista e a percussão mais seca. A pegada R&B alternativa entraria facilmente na playlist “Feche a Porta” do Spotify (para quem não conhece, é a playlist da fuck music 😉 ). Uma ambientação meio “ryan-tedderiana”, só que sem a mania do líder do OneRepublic em fazer cópias da própria música. Apesar de não ter feito sucesso, abriu os olhos da crítica e de boa parte do público sobre o que Nick poderia apresentar.
O clipe segue a mesma linha de mistério e um pouco de conceitualidade, com Nick acorrentado a uma cadeira e no meio de um protesto atrás da mulher da sua vida.
“Jealous”, por sua vez, é o single da virada para o cantor. Crescendo nas rádios e no top 10 do iTunes, a música é mais “pop” que “Chains”. A pegada é levemente oitentista e o refrão tem um falsetinho no “jealous” que é viciante. A letra não é um dos melhores momentos da música pop (no sentido de que fala sobre um cara que tem ciúmes da namorada, mas pode ir para o lado bom ou do ciúme agressivo, ao mesmo tempo em que no final, ele diz que ele gosta quando ela tem ciúmes dele também), mas a batida é muito boa. É outra canção que não lembra em nada os trabalhos direcionados ao público teen de Nick.
O clipe não é tão bom quanto “Chains”, mas a música equilibra.
Só que a coisa começa a tomar outros níveis com “Numb”, música promocional que Nick lançou com featuring da rapper Angel Haze (da mesma leva de novas rappers femininas de onde vieram Azealia Banks e Iggy Azalea). A música tem a mesma estrutura de “Dark Horse” e “Black Widow”, um pop meio urban com break trap. A diferença é que esse filho consegue se colocar um passo a frente, com uma letra bem estruturada (uma clássica break-up song) e as batidas secas com produção minimalista deixam a música mais misteriosa que a faixa da Iggy, por exemplo. O rap da Angel é muito bom, completando o sentido da música com a perspectiva feminina, e o break é bem legal. Tem cara de single pra ser lançado oficialmente, e pra ontem.
Por conta dessas três canções, meu interesse pelo Nick Jonas, que era próximo ao nulo há anos atrás, cresceu exponencialmente. A qualidade dessas três músicas é superior a de muitos que estão no mercado, e a coesão de letra e arranjo mostra que o CD tem tudo pra ser um dos mais interessantes do espectro pop neste fim de ano. Se a Island conseguir trabalhar bem com o álbum e as músicas, 2015 terá tudo para ser “o” ano de Nick Jonas.
E você, o que achou do que ele lançou até agora?
[…] tinha comentado numa oportunidade anterior sobre as músicas lançadas pelo Nick Jonas durante este segundo semestre – cada petardo […]